Um relatório do Instituto Trata Brasil revela que 4,4 milhões de brasileiros vivem sem banheiro em casa. O estudo avaliou as privações relacionadas ao saneamento básico, incluindo acesso à água e coleta de esgoto.
Em entrevista à CNN Rádio, a presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto, destacou que a maioria das pessoas sem banheiro reside abaixo da linha da pobreza. “A maior parte está na região Nordeste, especialmente no Maranhão, Bahia e Piauí, além do Norte, como Pará e Amazonas. Muitas têm até 20 anos, ensino fundamental incompleto e renda familiar de até R$ 2.400 mensais”, explicou.
A especialista enfatizou que o acesso a banheiros está intimamente ligado à dignidade humana. “A falta de um banheiro em casa está associada a diversas doenças, como esquistossomose, leptospirose e diarreias”, afirmou. Isso resulta em um aumento da enfermidade, reduzindo a produtividade no trabalho e impactando negativamente o desenvolvimento educacional das crianças. “A dificuldade de acesso ao Ensino Superior, por exemplo, afeta as oportunidades de aumento de renda no futuro”, acrescentou.
Luana também ressaltou que, embora a maioria das pessoas afetadas esteja nas regiões Norte e Nordeste, a situação é uma preocupação nacional. Ela acredita que o assunto deve ser uma prioridade para as autoridades e a sociedade, com a necessidade de implementar políticas habitacionais, de saneamento básico e de conscientização.
Ela lembrou que, em 2003, eram 5,5 milhões de brasileiros sem acesso a banheiros, o que mostra uma redução, mas a velocidade de progresso precisa ser acelerada. “Nesse ritmo, levará 40 anos para resolver o problema; precisamos de priorização”, concluiu.