Vale do Javari: PF e Ibama destroem 38 dragas, barcos e rebocadores do garimpo ilegal

Desde o último domingo (5), a Polícia Federal e o Ibama estão conduzindo a Operação Xapiri, focada no combate ao garimpo ilegal na Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas. Até o momento, a força-tarefa já destruiu 26 dragas, oito embarcações, quatro rebocadores e 42,5 mil litros de diesel, além de apreender nove antenas Starlink e 3,2 kg de mercúrio.

As ações ocorrem nos rios Jandiatuba, Boia, Jutaí, Igarapé Preto e Igarapé do Mutum. A PF destaca que os xapiri são considerados “guardião invisível das florestas” e fazem parte da mitologia dos povos Yanomami, sendo evocados em rituais xamânicos para restaurar a terra e proteger contra epidemias.

Das 26 dragas destruídas até quinta-feira (9), seis eram grandes e estavam avaliadas em aproximadamente R$ 5 milhões, com uma estimativa de extração de 1 kg de ouro por mês. As embarcações e rebocadores eram utilizados para apoiar os garimpeiros, enquanto os 42,5 mil litros de diesel abasteciam os motores das dragas. As antenas Starlink facilitavam a comunicação entre os criminosos em relação à fiscalização.

A PF alerta que o avanço do garimpo ilegal representa uma séria ameaça aos povos do Vale do Javari, onde se encontra a maior concentração de grupos indígenas isolados do mundo. Durante a seca, os indígenas se aproximam mais dos rios em busca de recursos, aumentando o risco de contato com garimpeiros.

A estiagem também dificulta o transporte das dragas por longas distâncias, beneficiando as operações aéreas do Ibama e da PF. Os danos ambientais causados pelo garimpo incluem a destruição de mananciais e margens de rios, além do assoreamento, que prejudica a reprodução de peixes e plantas, impactando a cadeia alimentar e as comunidades pesqueiras. O mercúrio, utilizado na purificação do ouro, contamina os corpos d’água, causando sérios danos ao meio ambiente e à saúde humana.

Nos últimos meses, a força-tarefa PF-Ibama também realizou duas fases da Operação Draga Zero, com o objetivo de coibir a extração ilegal de ouro no Amazonas. A primeira fase começou no final de agosto e durou doze dias, resultando na destruição de mais de 302 balsas no Rio Madeira. A segunda fase ocorreu no início de outubro, inutilizando mais nove dragas.